Massagem Craniofacial e o Nervo Vago
- essência
- 27 de out. de 2022
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Realizada na zona da cabeça, face, pescoço e ombros, a massagem Craniofacial é indicada para o alívio de tensões musculares do pescoço e ombros, para pessoas que sofram de insónias, dores de cabeça e enxaqueca, estados de depressão, ansiedade, dores musculares, pressão alta, desregulação intestinal e qualquer outra patologia que possa ter origem no stress.

Derivado do stress diário, estados de ansiedade, preocupações e até mudanças de temperatura, o nosso corpo tende a adotar posturas de tensão nesta zona. Quando estas posturas se tornam repetitivas, os nossos músculos mantêm o padrão de tensão, fazendo com que esta região permaneça constantemente tensa, provocando dor e podendo comprometer, também, o bom funcionamento de alguns nervos, como o caso do Nervo Vago, também conhecido por Pneumogástrico.
O que é o nervo Vago?
O nervo vago origina-se na parte de trás do bulbo raquidiano – estrutura cerebral que liga o cérebro e a medula espinhal – e sai do crânio por uma estrutura chamada forame jugular, descendo pelo pescoço, tórax, terminando no abdómen. Em todo o seu trajecto, o nervo vago enerva os diversos órgãos e músculos que pertencem ao sistema respiratório, cardíaco e digestivo.
É um nervo misto, sendo, por isso, um nervo motor (eferente) em que o impulso nervoso é enviado do Sistema Nervoso Central para as regiões periféricas originando respostas mecânicas, permitindo assim que a musculatura lisa tenha o controle automático de contrair ou relaxar (como por exemplo os movimentos involuntários dos intestinos); e também é um nervo sensorial (aferente) em que a informação sensorial é levada das zonas periféricas do organismo ao Sistema Nervoso Central.
Desta forma, o Nervo Vago controla os principais órgãos do corpo e é através dele que o nosso cérebro percebe qual o estado desses órgãos e permite um reajuste homeostático. Este nervo intimamente ligado ao nosso Sistema Nervoso Autónomo Parassimpático, atuando como um centro de comando central, que é responsável pelo restabelecimento da condição "normal" do nosso organismo, como diminuir o ritmo cardíaco – aumentado pelo Sistema Nervoso Simpático em resposta a uma situação de stress ou medo – regular a pressão arterial, a temperatura do nosso corpo, promover os processos de digestão, conservar energia e favorecer o descanso, estados de tranquilidade, relaxamento e bem-estar, retomando ao equilíbrio normal do organismo.
Assim, o Sistema Nervoso Simpático prepara o organismo para o stress, instinto de fuga ou luta, aumentando a produção de adrenalina e cortisol, enquanto o Sistema Nervoso Parassimpático controla e estimula o processo de retorno do organismo à sua função normal e à tranquilidade.
O sistema de interacção do Sistema Nervoso Autónomo Simpático e Parassimpático estabelece uma comunicação entre o cérebro e activa os fluxos de informações que são canalizados pelo Nervo Vago, mantendo um ciclo de feedback bidireccional de informação.
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Este processo de autorregulação homeostática permite que os organismos corrijam defeitos, anomalias, excessos ou desvios, mantendo a sua integridade.
O aumento da ansiedade flutuante gerada por demasiado stress, dor excessiva ou situações muito desagradáveis, leva a um maior esforço por parte o organismo em manter essa homeostasia, fazendo com que os estados de defesa, fuga, medo, sensação de incerteza e tensão sejam uma constante, gerando uma reacção em cadeia de emoções negativas fortes e estados inflamatórios que dificultam a reparação das células e que pode originar determinadas patologias, incluindo a sobrecarga do Nervo vago levando à chamada "síncope vagal" com sintomas como tremores, náuseas e suores frios, podendo levar ao desmaio, que ocorre, essencialmente, devido à falta de oxigénio no cérebro por uma diminuição da frequência cardíaca e pressão arterial demasiado rápida, onde o sistema nervoso simpático e parassimpático se encontram em "luta" para equilibrar o organismo e este "desliga".
Ao estimular o Nervo Vago, seja por inalação profunda exalando lentamente ou através da massagem, neste caso na zona cervical, é libertada a acetilcolina, uma substância química, neurotransmissor, que permite uma imediata redução da frequência cardíaca e inibe as respostas do sistema nervoso simpático de luta ou fuga, sendo que também é identificada como um elemento fundamental para um reflexo anti-inflamatório complexo, que é estimulado pela estimulação do nervo vago, estando provado que reduz imenso a inflamação.
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A otimização da função do nervo vago pode melhorar a nossa saúde, fortalecendo as nossas defesas perante o stress.
Ter um tom vagal superior significa que o nosso corpo pode relaxar mais rápido depois do stress e está associado a menos inflamação, menor ansiedade, melhor regulação emocional e social. Por outro lado, um tom vagal inferior está associado a inflamação sistémica, transtornos de ansiedade e possível depressão clínica, entre outros.
Através da massagem, do toque e da estimulação do nervo vago, é induzida uma resposta parassimpática com um aumento de secreção de serotonina no intestino e diminuição de cortisol, promovendo assim o bem-estar, calma e diminuição do stress.
Aumentam também os níveis das hormonas gastro-intestinais (gastrina e insulina) que facilitam a digestão, o trânsito intestinal e a absorção de alimentos. Permite ainda a diminuição da pressão arterial, do ritmo cardíaco e a diminuição da actividade dos órgãos estimulados em excesso pelo efeito da ansiedade, o que vai implicar dormir melhor, aliviar espasmos intestinais, reduzir enxaqueca, entre outros benefícios, mantendo assim o organismo em homeostasia.
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REF. BIBLIOGRÁFICAS
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